MERMOZ
TRAVESSIA DO ATLÂNTICO SUL
12 DE MAIO DE 1930
TRAVESSIA DO ATLÂNTICO SUL
12 DE MAIO DE 1930
“Em 12 de maio teve início a nossa travessia do Atlântico Sul, usando um avião Laté 28, monomotor (Hispano Suiço - 650 CV), com flutuadores.
Decolamos de São Luiz do Senegal para Natal, fazendo a travessia em pouco mais de 19 horas de vôo, tendo a bordo 130 quilos de malas postais, o navegador Dabry e o radiotelegrafista Gimié.
Eles, assim como eu, só tínhamos um pensamento: prosseguir com o vôo.
Os companheiros, veteranos de 50 vôos Marseilles/Argel, tinham, enfim, a oportunidade de fazer uma grande travessia.
Durante o vôo, fiquei restrito a uma altitude, entre 50 e 200 metros, mantendo uma velocidade de 160 K.P.H. Dabry controlava a navegação cada quarto de hora e Gimié operava em 600 metros.
O mar estava relativamente calmo e de cor esverdeada.
Mermoz,Dabry e Gimié
Não vimos nenhum navio, a não ser o Phocée, que por medida de segurança, estava fundeado a 900 quilômetros de Dakar.
Às 18 horas chegamos ao *“Pot au Noir”.
Todo horizonte estava negro e um muro gigantesco parecia vir ao nosso encontro.
Ganhar altura não era indicado, pois não sabíamos a espessura daquela massa de nuvens e não podíamos perder tempo nem gastos de combustíveis.
Instintivamente, desci para 50 metros procurando achar uma passagem por onde pudéssemos atravessar.
No meio desse ciclone, que é uma espécie de tornado sem vento, fazia um calor sufocante.
Parecia que estávamos tomando banho a vapor.
Era uma atmosfera detestável.
A Nordeste surgiu um clarão.
Mudei de rumo sem hesitar, mesmo tendo a perspectiva de um arrodeio.
Três horas e meia depois de ter deixado o “Pot au Noir” fomos envolvidos com o clarão da Lua.
Três horas e meia depois de ter deixado o “Pot au Noir” fomos envolvidos com o clarão da Lua.
Tentei controlar as minhas emoções; senti um desejo de gritar e aproveitar a nossa liberdade.
Dabry e Gimié exultaram quando constataram que estávamos na rota certa.
Laté 28A mudança de direção dos ventos indicava que havíamos entrado no Hemisfério Sul.
O T.S.F. (telégrafo sem fio) conjugado com o radiogoniômetro nos dava uma segurança indispensável.
Uma hora após ter passado por Noronha, entramos em contato com o posto de rádio de Natal.
No horizonte surgiu o Cabo de São Roque.
Fiquei estupefato e senti um golpe no coração.
O surgimento de terra me deixou perturbado. Este foi um instante de emoção: o grande momento da travessia.
Não me contendo gritei: Dabry !... Gimié !... E não consegui mais falar.
Aproximamo-nos de Natal, reduzi a manete de gás, o avião perdeu altura e fiz uma aterrissagem normal.”
FONTE: Texto condensado do relatório do vôo de Jean Mermoz , traduzido do original, por Antônio Gazzaneo Cabral.
Fotos obtidas no Google
* Pot-au-Noir : Zona de convergência Intertropical (ZCIT)
É formado pela convergência de massas de ar dos trópicos úmidos quentes trazidas por ventos alísios . É caracterizada por movimentos convectivos e, em geral, através da formação importante cumulonimbus .
É formado pela convergência de massas de ar dos trópicos úmidos quentes trazidas por ventos alísios . É caracterizada por movimentos convectivos e, em geral, através da formação importante cumulonimbus .
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