São vários empresários e profissionais liberais que mantêm lá as suas aeronaves “hangariadas”.
Para atender à demanda um grupo de aviadores construiu um terceiro hangar.
No dia 12 de setembro, domingo, numa homenagem póstuma aos 86 anos do patrono Dr. Severino Lopes, houve a inauguração do Hangar Pery Lamartine e da faixa de lançamento da Escola de Aviação, que levou o nome do meu avô Juvenal Lamartine de Faria, por ele ter sido um dos fundaddores do Aeroclube do Rio Grande do Norte..
Foi uma festa muito bonita, emocionante, prestigiada com a presença de aviadores,amigos, parentes,curiosos e todos que são apaixonados pela aviação.
Gostaria de deixar aqui registrado o meu discurso de agradecimento e algumas fotografias que marcaram o evento.
"Hypérides Lamartine,conhecido carinhosamente por Pery lamartine,nascido em 2 de maio de 1926,é escritor e membro da Academia Norte Rio-Grandense de Letras(Cadeira 33).
"Acompanhei o crescimento da Aeronáutica no Brasil"
Faixa de lançamento da Escola de Aviação "Juvenal Lamartine de Faria"
Casal Pery Lamartine acompanhado de alguns aviadores e amigos
Pery com sua família e o Cmte.Roberto Duarte
Os Comandantes Pery e Graco Magalhães
Cmte. Pery Lamartine no discurso de agradecimento
"Autoridades presentes, meus prezados colegas aviadores e caros amigos.
Este é para mim um momento de grande felicidade, cheio de recordações.
A mente recuou no tempo e me levou a um passado tão distante que assusta e, que hoje gostaria de compartilhar com todos aqui presentes.
19 de março de 1930 (dia de São José) em Serra Negra (minha cidade) – Estava eu no meio de uma multidão à margem de uma pista de barro, empoeirada, calorenta, para assistir à chegada de um biplano do Aeroclube pilotado por Djalma Petit, que transportava o Governador do Estado Dr. Juvenal Lamartine, para a inauguração do campo de pouso da cidade naquele sertão seridoense.
Na época, eu ainda muito criança, foi um acontecimento que ao mesmo tempo em que me confundia, me assustava com o que acabara de ver,porém, me instigava a ir até lá perto para satisfazer a curiosidade de apalpar aquela engenhosa máquina voadora.
1942 - em Lavras/Minas Gerais – uma manhã de domingo, os alunos internos do “Instituto Gammon” foram liberados para passear na cidade e, enquanto eu caminhava pela via pública, notei um pequeno avião de cor amarela sobrevoando a cidade a baixa altura. Aquela cena me chamou logo a atenção, deixando-me por vários dias, uma sensação de entusiasmo e uma secreta atração pela aquela máquina alada.
Soube mais tarde tratar-se de um “teco-teco”, como chamavam aqueles pequenos aviões de treinamento. Era do Aeroclube de uma cidade vizinha que, para minha frustração, não pousou em Lavras.
Março de 1943 em Natal - o Diretor da Escola de Pilotagem do Aeroclube, Sr. Osório Dantas, convidou-me a fazer o curso de piloto privado, que na época era totalmente financiado pelo governo aos candidatos acima de 17 anos e abaixo de 25. Eu estava dentro do permitido pelo regulamento.
O convite me pegou de surpresa; apesar de me empolgar com a aviação, nunca tinha imaginado um dia me tornar aviador. Achava aquilo distante e inacessível.
Mas quando a oportunidade surgiu, aceitei o desafio e alguns dias depois já comparecia ao HANGAR TENENTE FRANÇA, na Base Aérea de Parnamirim, para iniciar o treinamento.
Aquele dia foi o meu começo na nobre arte de voar. A partir daí a minha presença no hangar era constante.
Recebi a Licença de Piloto-Privado, depois a de Instrutor, no Aeroclube de Pernambuco, continuando cheguei a co-piloto de Catalina (PBY), numa pequena empresa aérea fundada aqui mesmo em Natal.
Como instrutor, dei aulas no Aeroclube do RGN, e no começo de 1947 aceitei o cargo de instrutor do Aero Clube de Joinville onde preparei uma turma de aviadores.
Na renovação do exame de saúde, obrigação que todo piloto tem que cumprir periodicamente, de surpresa a medicina da aeronáutica me “puxou o tapete”, expurgando-me da atividade de piloto e deixando-me definitivamente no chão.
Dá para imaginar o que se passou na cabeça de um jovem cheio de planos para a carreira que escolheu e, que praticava com bastante competência e fascínio?
Por incrível que pareça, não guardo mágoas desse fato. Os momentos agradáveis que a aviação, na época, me proporcionou compensaram o prejuízo que tive.
Mas chega de divagações...
Durante o curso de “piloto privado” o aluno faz muito mais horas de HANGAR do que de voo; ali se programam às aulas, demonstram-se com as mãos as reações do avião, recebem-se as críticas do instrutor após os voos, aprendem-se a anatomia dos aviões etc. etc. Além de tudo, o curso de pilotagem propicia bons “papos” informais entre instrutores, alunos e mecânicos, que complementam a formação de bons profissionais.
São momentos alegres, divertidos, onde cada um conta as suas bravatas; surgem os mais entusiasmados que terminam sendo vítimas de gozação dos colegas.
Entre os alunos sempre aparece um meio desajeitado em voo, quando vem para o pouso, a “turma” no hangar pára tudo pra acompanhar: o avião descendo em baixa velocidade, perdendo altura, afundando, como se diz, colide com o chão, volta para o ar, recebe uma rajada de motor para corrigir, colide mais uma vez e é um “Deus nos acuda” até parar.
Logo é recebido com um côro animado para provocar: um, dois, três... Pousos!
O aluno deixa o avião, aproxima-se do grupo meio encabulado, tentando se explicar, mas logo se distrai com os comentários bem humorados sobre sua "performance" de pouso.
Esse gesto brincalhão dos amigos, com certeza, vai ser um incentivo para melhorar o seu desempenho nos próximos voos.
(No meu tempo de instrutor, aqui mesmo em Natal, encontrei até pilotos brevetados que nunca aprenderam a pousar com categoria. São aqueles que depois de algum tempo abandonam a atividade esportiva - para sempre!...).
Para a aviação e especialmente para os Aeroclubes, essa espécie de garagem, além de acolher os aviões, congrega os candidatos numa divertida família aviatória.
Hoje estamos nós aqui reunidos, na porta de um amplo HANGAR, inaugurando a sua entrada em serviço, que com muita honra para mim, está sendo batizado com o meu nome.
Estático, diante desse galpão indispensável à aviação, emocionado pela gentileza de vocês e cheio de lembranças de um passado que tive a satisfação de viver nos meus 84 anos de existência; o que mais me agrada é ver que tenho inúmeros seguidores dominando as mais novas tecnologias que não havia na aviação do meu tempo.
Volto a dizer que fico profundamente sensibilizado e agradecido pela deferência e especialmente por estar ao lado do meu guru Graco Magalhães Alves, com quem tive o privilégio de voar juntos em certas oportunidades, no seu Luscombe, uma bela avioneta.
Tenho certeza que esse HANGAR irá cumprir o seu objetivo, acolhendo aviões e esses jovens cheios de esperança; esse é o meu desejo.
Aos meus amigos Marcos Lopes e Rochinha, e a vocês, dirijo os meus mais emocionados agradecimentos por tudo que está acontecendo aqui e agora".
Natal,12 de setembro de 2010
Prezado Senhor Pery Lamartine
ResponderExcluirSou aluna do 4 período do Curso de Letras da Unp e bolsista do PET (Programa de Educação Tutorial) Literatura Norte-Rio-Grandense e tenho como tutora a Prof. Conceição Flores. Estamos realizando uma pesquisa sobre a nossa Literatura e coletando dados dos autores Potiguares. Por isso, venho por meio deste solicitar-lhe informações para a construção de verbete. Gostaria que fornecesse os seguintes dados:
Nome Completo;
Data e local de nascimento;
Filiação;
Casamento (se for o caso);
Grau de instrução;
Obras publicadas (com títulos, local e ano de publicação, edições)
Perfil do autor (características marcantes das obras);
Já venho pesquisando sobre suas obras e sobre a sua biografia, mas a sua colaboração é importante.
Agradeço-lhe desde já, certa de que conto com a sua colaboração.
Atenciosamente,
Luanna Ferreira
luannafmorais@yahoo.com.br