domingo, 3 de maio de 2009

Enchentes no Espinharas



Neste ano de 2009 repetiu-se em Serra Negra a mesma enchente que ocorreu no ano de 1934, quando as águas do rio invadiram a cidade deixando os moradores da “rua de baixo” em situação de emergência.

Naquele dia em fevereiro de 1934 o rio estava indomável.
O mês quase terminando e nada se modificava.
À tarde, as águas baixaram um pouco para amanhecer no dia seguinte “pelas barreiras”.
O tempo preparou-se para o lado do Sul com o horizonte “encastelado”. A tardinha, relâmpagos e trovões emendaram desde o Nascente até quase o Poente passando pelo Sul, sem parar um só minuto!
Lá pelas 7 da noite, a chuva chegou acompanhada de vento forte e, permaneceu inalterada, até à madrugada com pancadas mais fortes e mais fracas alternando-se. Percebia-se que o “grosso” daquele temporal estava em cima das cabeceiras do Espinharas.

Quando o dia amanheceu, embora a chuva tivesse passado, as águas do rio subiam de minuto à minuto, já ameaçando a parte baixa da cidade, exatamente onde se situa a Igreja de N.S. do Ó, o Grupo Escolar (hoje Casa da Cultura Oswaldo Lamartine), a rua de baixo onde existia o sobrado do velho Leônidas.
Durante a madrugada, os moradores dessas casas, tinham saído em retirada carregando o que podiam para a parte mais alta em busca de abrigo.
Durante todo o dia, o céu continuou encoberto,mas sem chuva, porém era visível o aumento dos níveis da água.
A correnteza no meio do rio era tão forte que parecia um mar revolto. Constantemente se via passar flutuando tudo que o rio conseguia levar com sua força.
Eram árvores, melancias, animais e até casas arrancadas pelos esteios.
A garotada que se divertia pegando melancias "a nado",dessa vez, faltou coragem de arriscar na brincadeira.
O riacho do açude de Cacimbas teve as suas águas represadas pela força do rio. Bem atrás da igreja, e à certa altura a água já invadia o templo, assim como também a Intendência (Prefeitura).
A Cadeia Pública ruiu, sem nenhum dano mais sério, pois naquele dia não havia ali nenhum detento, assim como nos fundos das casas da rua de baixo.
O nível das águas, atingia uma altura nunca registrada na cidade,chegando até ao coreto do centro da praça.
O momento era crítico e preocupava a todos, especialmente porque as águas não paravam de subir e o "ronco do rio" apavorava, parecia uma fera enraivecida preparando o ataque.
A população cada vez mais assustada tentava se abrigar em lugares mais seguros.
E de onde menos se esperava surgiu o herói do dia, o 'velho Leopoldo'.
Com sua fragilidade, mas com a sabedoria e serenidade dos que já aprenderam muito com a vida,enfrentou o aguaceiro com a sua canoa, navegando pelo meio da praça conseguiu resgatar e ajudar a todos àqueles que necessitavam de socorro.
E assim a cidade sobreviveu a esse susto grande da fúria da natureza mas felizmente com poucos prejuízos.

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