“Cada vivente tem um sertão. Para uns são as terras além do horizonte e para outros, o quintal perdido da infância”.
(Oswaldo Lamartine)
Refletindo sobre a identidade do SERIDÓ
A origem do nome SERIDÓ que nomeia um rio e a própria região,já foi muito pesquisado e até nome de tese: "Seridó:refúgio do povo de Deus". Segundo o autor,Seridó em hebraico,equivale a palabra 'sarid',que por sua vez,significa:
Refúgio do povo de Deus.(1)
O que justifica essa possibilidade,foi que no século 17, houve uma grande imigração dos cristãos-novos para esta região, vindos do Ceará, através do oeste do Estado,fugindo da Inquisição.
O Padre Antenor Salvino de Araujo,de Caicó,é um dos adeptos dessa corrente.
Mas este é um assunto polêmico,ainda em discussão.
O mestre e historiador,Luis da Câmara Cascudo, defendia a origem indígena do nome:
"De 'CERI-TOH',sem folhagem,pouca folhagem,pouca sombra ou cobertura vegetal,segundo
Coriolano de Medeiros". (2)
***
O Seridó tem a característica de aglutinar seus filhos com uma força de coesão tão forte que lembra os mulçumanos em relação a Meca.
Em princípio,todo seridoense tem que visitar a região pelo menos uma vez por ano,principalmente, nas festas religiosas da sua cidade,ou na "pegada do inverno",que se dá normalmente nos primeiros meses do ano.
"Caindo chuva"com relâmpagos e trovões(o pai da coalhada),rios cheios,açudes sangrando,tudo isso toca no íntimo do seridoense que cede àquela força de atração que o traz de volta para o seu 'chão'.
EUCLIDES DA CUNHA
Na sua obra-prima "Os Sertões",demonstra que também se deixou contagiar por esta região, quando relata:
As secas são cíclicas e assolam a região.Dizem os caboclos que se as chuvas não vierem
de 12 de dezembro a 19 de março,haverá seca o ano todo.
Na caatinga estão os cajuís,macambiras,caroás,favelas,juazeiros,
xiquexiques...
Sendo algumas dessas plantas reservatótios de água".
(...)
Quando vem a tormenta,o sertão se transforma em paraíso:
ressurge a flora,com seu verde,suas flores exuberantes à beira das cacimbas.
Ressurge a fauna:catitus,queixadas,emas, seriemas,sericóias,suçuaranas..."(3)
***
JOSÉ AUGUSTO BEZERRA DE MEDEIROS
"O Seridó é um vasto trecho do território do Rio Grande do Norte,atravessado e cortado pelo rio do mesmo nome e afluentes(...).Na vida social,política e econômica daquele Estado nordestino,a região seridoense,tem ocupado sempre papel de relevo e saliência,fornecendo muitas vezes alguns filhos ilustres para a sua direção e contribuindo continuamente com a sua produção para o fortalecimento da riqueza coletiva"(4)
"Acho que, no Brasil, ninguém entende mais do sertão e do Nordeste do que Oswaldo" .
***
MOACYR CIRNE, seridoense e poeta.
Nossas águas, nossas oiticicas, nossos sonhos – o Seridó somos nós.Nossos sertões, nossas canjicas, nossas alegrias – nós somos o Seridó.
Porque somos nossas cruvianas, nossas virações, nossos horizontes.
O Seridó em todos nós: Serra Negra do Norte Jucurutu serrote solidão.
O Seridó somos nós. Nós somos o Seridó, capelas santanas e vaqueiros.(6)
(Para Oswaldo Lamartine de Faria-31/03/2007)
O poeta Jorge Fernandes, precursor da poesia moderna no Brasil, também se rendeu aos encantos da região durante uma visita à aquelas paragens. Em prosa, ele descreve o percurso que fez, com tantos detalhes os elementos que compõe essa região, que nos faz “viajar”
junto com ele:
– À tardinha em viagem no Seridó –
"O meu carro vai rodando nas estradas de areia barrenta ou de cascalhos e eu vou vendo o verde
longe e o verde perto das juremas junto à estrada...
As caatingas vão se tornando escuras esfregando os olhos com o sono...
Na carreira do carro aparece de supetão um serrote, às vezes com uma
pedra fina e sisuda apontando o céu.
Outros com pedras também
parecendo dedos muito grandes apontando:
- Olhem aquilo ali - E eu olho
e vejo só desertos de serras e um restinho de luz do sol se acabando nas corcundas das serras, verdes...verdes...
Outras pedras agrupadas e enfeitadas de facheiros vão passando na ligeireza da viagem...
E o carro corre entre árvores e serrotes até que a boca da noite – chega agasalhando tudo, acendendo os olhos dos bacuraus, das raposas, das tacacas, antes que meu carro abra também os seus olhos atrapalhadores dos bichos que precisam ganhar o pão, à noite, farejando nas estradas..."(7)
***
Mas um dia a roda desandou restando agora o que veio primeiro, i.é. a pecuária mesmo assim açoitada por anos de desmantelados conquanto se constitua ainda na grande bacia leiteira do estado, o “beradeiro” a escorropichar o peito das vacas". (8)
Fontes:Google
Simplesmente espetacular!!! Ler esses "monstros sagradas" declarando o seu amor pelo Seridó é emocionante e muito nos inspira, dando convicção, também, ao nosso amor pela região.
ResponderExcluiramei seu blog, pena que não está mais atualizando parece?
ResponderExcluiré muito bom e vale a pena continuar, nós precisamos dele.
Abraços
Seu Pery, trabalhei com o Senhor na AEROTUR, não sei se o Senhor vai lembrar de mim, também sou seridoense e nasci às margens do Gargalheiras, sob a proteção da Vigem D'Aguia. Concordo com Moacy Cirne quando diz o sertão somos nós, eu ainda acrescento: o sertão não é só paisagem, o sertão é um modo de viver.
ResponderExcluirGrande abraço
Ola amigo, tudo bem, sou do ceará e tenho uma curiosidade, meu pai tem o nome serido no nome dele, será que tem alguma coisa haver com a região do serido, um grande abraço.
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