CHICO DE JOANA
Já fazia algum tempo que não tinha contato com
Chico de Joana um homem simples, autodidata,
nascido e criado às margens do Riacho da Timbaúba,
afluente do rio Barra Nova, no município de Ouro
Branco, fazenda dos Cunha de Jardim do Seridó.
Chico de Joana um homem simples, autodidata,
nascido e criado às margens do Riacho da Timbaúba,
afluente do rio Barra Nova, no município de Ouro
Branco, fazenda dos Cunha de Jardim do Seridó.
Em dias passados aproveitei uma tarde ociosa e fui a casa dele, ali no bairro das Quintas, fazer uma visita.
Chico de Joana é um escultor cujas obras são talhadas em madeira de Imburana, árvore típica do nordeste brasileiro, maleável, muito usada no artesanato. Seu trabalho é extraordinariamente bem acabado, mostrando o seu poder ilimitado de criatividade. Retrata com muita fidelidade desde os santos católicos às figuras do cotidiano que o cercam.
É um artesão polivalente, seu potencial vai mais além, como se a sua missão na terra fosse transformar qualquer coisa em arte.
Estava lá exposta uma poltrona toda esculpida num tronco de mangueira, extraída de uma velha árvore que existia em frente a sua casa.
Segundo ele, será “a poltrona do papai”.
Junto à parede do seu “estúdio” havia um tronco de Imburana pesando talvez uns 100 quilos, que ele com a sua percepção de artista me chamou à atenção:
Num faz lembrar o busto de uma mulher ?
E realmente, aquele pedaço de caule seco e retorcido esteticamente era uma imagem digna de contemplação.
Foi aí que Chico me adiantou:
Seu Pery, quando eu vejo um pedaço de madeira, um tronco ou uma raiz vem logo na minha mente em que vou transformá-lo; alguma figura ou peça para casa e sempre dá certo.
A minha visita a Chico era mais para fortalecer o nosso relacionamento, relembrar momentos da sua infância vividos na região do Seridó, onde eu também vivi uma parte da minha vida.
Senti que aqueles momentos de prosa com um homem tão modesto, mas dotado de extrema sensibilidade artística, voltado para a sua realidade, foi para mim instantes de reflexão, cultura e prazer.
Há muito tempo não me sentia tão bem e ainda percebi que, sem querer ser pretensioso, pude ajudar o amigo Chico, que naquela tarde teve com quem compartilhar sobre um drama familiar que vive com um filho excepcional.
Nesse mundo conturbado que vivemos, ninguém tem tempo para ninguém, um pequeno gesto como esse de escutar alguém em busca de soluções para algo que está lhe perturbando, é uma atitude que faz a gente se sentir mais humano e solidário.
Por isso, com certeza, valeu muito para Chico e me deixou com uma sensação de uma paz interior por vários dias.
Por isso, com certeza, valeu muito para Chico e me deixou com uma sensação de uma paz interior por vários dias.
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