sábado, 11 de dezembro de 2010

TEMPO ÚNICO VIVIDO

 Qualquer jovem que tenha nascido  e vivido  toda a sua infância numa comunidade de vaqueiros, certamente, no futuro será um deles.  Os filhos de aviadores também não fogem à regra.  Ambas às atividades têm muito em comum: a liberdade, grandes emoções,  desafios,  autoconfiança, o vedetismo e especialmente o contato direto com a natureza  -  é  tudo que um jovem gosta de viver. 

 São atividades tão aproximadas  que entre o vaqueiro e o aviador  só muda o instrumento de trabalho.   As duas funções podem ser  encontradas na mesma pessoa sem nenhum conflito.   Ao montar um potro  brabo, pela primeira vez, a emoção é a mesma que realizar um vôo “solo”. 
          Uma  decolagem em situação dramática, num dia de temporal, com a pista encharcada, provoca a mesma sensação de ousadia para o piloto, como uma arrancada numa caatinga fechada, atrás de um boi “barbatão” por um vaqueiro  no seu cavalo de confiança.
Essa semelhança de vida leva um jovem, facilmente, de uma atividade à outra, sem nenhum impacto, podendo exercê-las simultaneamente. 
  A visão de uma criança que nos idos de 1930, plantado à borda de uma pista de pouso improvisada, assistindo ao pouso  de um antigo biplano, era desfrutado com um prazer tão grande como se estivesse sentado em cima de um mourão  de porteira de um curral, onde se laçavam cavalos para alguma função.
  À sua frente, porém, havia uma máquina  tão empolgante que ele jamais esqueceria.
 Mesmo os momentos de maior  tensão vividos na fazenda,  enfrentando temporal, a cheia dos rios, a insegurança motivada pela política radical da época,  a resistência, e depois a mudança que o levou para terras distantes, nada disso apagou  da memória do jovem a imagem  que o homem podia voar.
  A oportunidade surgiu nos anos da Segunda Guerra Mundial, tornando o “garoto-vaqueiro” num jovem aviador  idealista.  Anos se passaram e ele nunca deixou  de ser no íntimo,  um vaqueiro, em cujo ambiente  sentia-se tão  natural como se estivesse lá em cima entre as nuvens.
          Mas a vida é feita de coisas reais. Os pés um dia terão que se firmarem no chão; viver  não a “vida-poética”, mas a “vida-guerra”  do dia- a- dia , que somos obrigados a travar uma luta para conquistar o nosso lugar ao sol. 
          O “vaqueiro-aviador” enveredou por outras trilhas de vida que de uma forma ou de outra o avião não ficou de fora.  
E assim, com o avião e por causa dele,  teve todo o mundo à sua disposição, como se uma fada  com sua varinha de condão,  tivesse dado tudo àquilo  em troca por tê-lo tirado de uma carlinga.  São os caprichos  da vida que muda  tudo independentemente da nossa vontade, transformando um vaqueiro em aviador a seguir em um homem de negócios numa rapidez alucinante.


Fotos obtidas no GOOGLE

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