I – TIMBAÚBA – Uma fazenda no Século XIX.
Ilustração de Dorian Gray |
Evidentemente que essa fazenda já não mais funciona no estilo do Século XIX; foi desativada há mais de cinco anos com a morte do último proprietário a octogenária Theodora Nóbrega.
Era uma propriedade que pertenceu ao meu avô materno, o velho Zuza Gorgônio da Nóbrega, e fora herdada do seu pai, o tempestuoso Gorgônio Paes de Bulhões. Este era filho do irrequieto Cosme Pereira da Costa, lendária figura do Seridó, antigo proprietário da Fazenda Umary, localizada rio abaixo.
Gorgônio Paes de Bulhões fundou a Fazenda Timbaúba provavelmente em 1833, ano do seu primeiro casamento; destinava-se à criação de gado e dar apoio ao seu comércio de “bois do Piauí”. Foi numa daquelas demoradas viagens aos sertões de Picos e Oeiras que ele veio a falecer, com cinqüenta anos de idade, na localidade de São Mateus, sertão do Ceará, hoje denominado Jucá, onde foi sepultado no dia 1º de maio de 1865.
Gorgônio Paes de Bulhões sempre foi um sertanejo agitado, de temperamento alvoroçado, razão porque tinha o apelido de “Gangão Fuzo-doido” (I). O seu filho e sucessor Zuza Gorgônio manteve aquele comércio de gado mesmo após a morte do pai, até quando a atividade deixou de ser vantajosa, cedendo lugar à lavoura de algodão implantada nas terras férteis do vale do rio Barra Nova.(2)
O velho Zuza e sua mulher D. Nanu desenvolvram muito a fazenda e chegaram a criar um bom patrimônio em gado e terras, legando aos seus descendentes.
Enquanto viveram, acolhiam naquele casarão senhorial todos os seus descendentes ficando a casa cheia o ano inteiro. Vivi ali, onde passava as férias escolares, os melhores dias da minha infância e adolescência.
Naquele mundo do século passado, tive ao vivo valiosas lições de vida, onde a Natureza ensinava ao homem a maneira de sobreviver com os próprios meios, naquele ambiente pouco favorável.
O homem e a Natureza conviviam tão intimamente bem, que neutralizavam os efeitos das secas prolongadas, velhas conhecidas deles. Era um sistema de vida altamente simplificado e solidário, comum em todas aquelas antigas fazendas da redondeza.
Uma vida fascinante e não poderia deixar de ser, tendo em vista as pessoas simples que ali habitavam, cultivando as tradições e perfeitamente adaptadas ao meio ambiente daquele recanto isolado do Seridó.(*)
(I)-Medeiros Filho. (Olavo – “Velhas famílias do Seridó) Edição do Senado Federal – 1981 pags. 237/8.
(2)-Rio Barra Nova como é chamado hoje, nasce nos contrafortes da Serra da Borburema/Pb, entra no Rio Grandedo Norte na cidade de Ouro Branco, corre no rumo Norte, recebe como afluentes vários riachos de águas fortes como o riacho do Poção, da Timbaúba, o rio Malhada da Areia e o riacho do Manhoso antes de desguar na represa do Itans em Caicó. Este rio tem em seu leito o melhor aluvião para agricultura e também para cerâmica. É uma região rica de terras e plagiando Vaz de Caminha, “em se plantando tudo dá.”
Obviamente, que essas histórias me fascinam, pelo teor dos fatos, marcantes por ser uma memória viva, também, que tenho de meus avós paternos que viveram e criaram seus quatro filhos nos arredores dessa propriedade, entre caminhos até a fazenda do “Véi-Tonho” d’Umari e quintais (essa mais ainda) da fazenda Pedreira, também dos Nóbrega.
ResponderExcluirInteressante são belas histórias riquíssimas em conteúdo cultura...famílias que se casaram uniransse patrimônios e deram continuidade à suas origens
ExcluirEu tenho muito orgulho pois sou tatara-neto do Coronel Januncio Salustiano da Nóbrega...e bisneto de Dr. Diógenes celso da Nóbrega...
Me chamo Leonardo s.da Nóbrega
Muito linda as historias dos descendentes das familias seridoense. Eu sou bisneta de Cel zuza gorgonio e d. Nanu, sou neta de francisco pereira da nobrega sobrinho,filho de zuza e nanu e casado com Iracema Carneiro da Cunha Nóbrega...estpu mobtando minha arvore genealógica...
ResponderExcluirEu nasci e cresci nessa linda casa, fui o último morador, sou filho de Francisco Paz de Bulhões, neto de José Gorgonho da Nóbrega.
ResponderExcluir