quarta-feira, 19 de agosto de 2009

AVIADORES QUE FIZERAM HISTÓRIA IV

Jean Mermoz-"Le Grand"

Jean Mermoz(no centro)ao lado dele René Couzinet(de chapéu, o construtor do avião)

"Petit Arc-en-Ciel"-Trimotor
Latécoère 300-"Croix-du-Sud"-Hidroavião Quadrimotor

Rota de Mermoz na América do Sul para Europa

“Jean Mermoz – O piloto de linha aérea da história”


Jean Mermoz nasceu em Aubenton - Aisne (França) no dia 9 de dezembro de 1901. Dois anos depois, sua mãe separou-se e foi residir na companhia dos pais numa pequena localidade das Ardenhas.
Em 1917, ela conseguiu emprego como enfermeira e mudou-se para Paris onde Jean continuou seus estudos.
Reprovado para a Universidade, Mermoz aos 19 anos alistou-se para o serviço militar. Optou pela aviação não por vocação, mas por um melhor salário e foi enviado à Base de Istres,perto de Marselha, como aprendiz de piloto.
Participou do 7ºEsquadrão do 11ºRegimento de bombardeio Metz Frescaty e depois do 1º Regimento de Caça em Thionville.
Quatro anos depois, rebela-se contra a disciplina militar, busca a aviação civil e é admitido nas “Linhas Aéreas Latécoère” em 1924.
Trabalha na oficina por três semanas, até o dia do teste, quando suas acrobacias desagradaram o temido diretor da companhia,Didier Daurat, tido como extremamente rigoroso, responsável por enquadrar e estimular os "mais novos" - pilotos desempregados do pós-guerra:
"Aqui não contratamos acrobatas. Se o senhor quer fazer circo, deve procurar outro lugar.”

As “Linhas Aéreas Latécoère”, localizada em Toulouse, pertencia ao Engenheiro Pierre-George Latécoère. A empresa havia sido fundada sete anos antes para transportar o correio, usando aviões excedentes da guerra (1914-1918). Por essa época já havia mudado a razão social para “Compagnie General Aéropostale”.
Em 1926, começou de fato a construir sua carreira de aviador ao voar sobre o Saara na mira dos mouros dissidentes do Marrocos espanhol e, na América do Sul, realizando vôos noturnos. Entretanto, o que definiu sua reputação e o seu nome na história da aviação, veio em 1930, com o feito da primeira ligação postal sem escalas sobre o Atlântico Sul.
Com a expansão da empresa fazendo a ligação Dakar-Natal, via barco, e daí para frente, até Buenos Aires, por avião, Mermoz foi designado o Chefe dos pilotos na América Latina.
Em 1927, depois de um acordo com os argentinos a empresa passou a chamar-se 'Aéropostale Argentina'.
Em 1928, Mermoz inaugurou o vôo noturno entre Rio de Janeiro e Buenos Aires conduzindo malas postais, antecipando em um dia a chegada na Argentina do correio vindo da Europa.
Na América do Sul, os notáveis da Aéropostale colecionavam missões, explorações e alguns milagres.

Jean Mermoz foi o precursor na América do Sul dos voos noturnos, que inspiraram Saint Exupéry a escrever um romance cujo o título é "Vôo Noturno".
"O Grande",chamado assim por Saint-Ex,abriu o céu, em busca de uma brecha direta para a Cordilheira dos Andes.

No ano seguinte, fez vôos experimentais à Santiago do Chile. Em março de 1929, realizando um desses vôos, acompanhado do mecânico Alejandro Callenot, num avião Laté 25, sofreu uma pane obrigando a fazer um pouso forçado na cordilheira. Sem alimentos e sem roupas adequadas, passaram 50 horas até conseguirem reparar o motor.

Empurraram o avião até à beira de um precipício e com a caída conseguiram acionar o motor, chegando são e salvo ao destino. Depois desse incidente concluíram que para aquela rota teriam que usar, no futuro, aviões mais robustos como o biplano Potez.

Já com a sigla da “Aeroposta Argentina”, Mermoz inaugurou o vôo Buenos Aires, Mendoza, Santiago com esse tipo de avião.
Quatro meses depois,com a chegada na Argentina de Saint-Exupéry, iniciou os vôos comerciais para Patagônia, entre Buenos Aires e Comodoro Rivadávia, com escala em Baía Blanca, Santo Antônio do Oeste e Trelew usando um Laté 28,conduzindo oito passageiros,entre eles, diretores da empresa e convidados especiais.
Regressou à Europa onde bateu um recorde de permanência no ar, em circuito fechado, usando um avião Laté 28 equipado com flutuadores.
Estava fazendo os preparativos para a futura travessia Dakar – Natal.

No dia 13 de maio de 1930, Jean Mermoz concretizou a referida travessia.

Ele, o navegador Jean Dabry e o radiotelegrafista Léo Gimié realizaram esse voo partindo de Saint-Louis do Senegal para Natal, em 20 horas e meia de vôo ininterrupto,numa velocidade alta para a época, de 158 quilômetros por hora, o Laté-28 chegou ao destino, estabelecendo o recorde mundial de distância (3.160 quilômetros) para aquele avião,um Laté-28,batizado de 'Comte-De-La-Vaulx', com 130 kg de correspondências.

Foi a primeira ligação postal aérea entre os dois continentes.

Atravessando a inevitável zona de convergência intertropical, pavor ancestral dos marinheiros,área onde os alísios colidem com fortes tempestades, relâmpagos e quedas de granizo,posteriormente, Mermoz contaria esse fato:

"Estava tudo escuro.
Tudo se confundia: as nuvens, o horizonte e o mar. Quando saímos de lá, três horas e meia depois, o esplendor do luar nos pareceu divino, e a imensidão, um paraíso.
Tive de conter meu entusiasmo: como um pônei que se solta em um prado, fui tomado pelo desejo furioso de saltar, escalar, virar, mergulhar, enfim, de desfrutar de nosso salvamento”.


Em 8 de junho seguinte, iniciou os trabalhos para realizar o voo de volta; depois de várias tentativas sem sucesso para decolar da foz do rio Potengi/Natal-RN, transferiu o avião (Laté 28), para a Lagoa do Bonfim/Natal-RN.
Recarregou de malas postais, abasteceu totalmente os tanques de combustível e conseguiu decolar, iniciando o vôo de volta.
A 300 milhas antes de Dakar,teve pousar no mar por mau funcionamento do motor.Foi socorrido pela Marinha, mas lamentavelmente, o avião afundou nas águas agitadas do Atlântico.
Chegando à Paris foi recebido como herói, sendo homenageado com um banquete pelo grande feito das travessias ida e volta Dacar-Natal.
A partir daí, até dezembro de 1936, este intrépido aviador francês conviveu fraternalmente com os natalenses. Periodicamente ele retornava à Natal, onde se recuperava daquelas fatigantes travessias em aviões desprovidos de conforto e segurança limitada. Aqui ele fez muitas amizades , morou num antigo sobrado , hoje demolido ( Vila Barros), localizado na rua Trairí 563, esquina com a Campos Sales, no bairro de Petrópolis.
Era um tipo atlético, simpático, desportista que gostava de praticar tênis e nadar na Praia do Meio.

No mesmo ano, pilotando um trimotor terrestre, "Arc-en-Ciel", realizou um voo entre Le Bourget e Buenos Aires em 16 horas, marcando um importante passo para a história do Correio Aéreo.
Em 1932, a Air France que havia sido criada, adquiriu os interesses da “Aeroposta Argentina”, e o reconduziu a piloto chefe para América do Sul. Nessa oportunidade,já conhecido mundialmente, realizou numerosos vôos experimentais com o hidroavião quadrimotor “Croix-du-Sud”- (Laté 300).

No dia 7 de dezembro de 1936, Mermoz parte de Dacar com quatro companheiros de tripulação à bordo de seu Croix-du-Sud, um Latécoère 300.
Seria sua 25ª travessia do Atlântico Sul. Ele com 8.200 horas de voo em seu histórico e em dois dias, completaria 35 anos.
A 800 km da costa africana, seu hidroavião entra em pane,a estação de rádio recebe sua última e breve mensagem:

“Vamos cortar o motor direito traseiro”

E assim,Mermoz e sua tripulação desapareceu para sempre. Nunca foi encontrado nem restos da aeronave.

Há mais de 70 anos, os pilotos da Air France usam uma gravata preta em memória daquele que dizia "não conceber outra existência além da aérea".

O piloto francês respeitado pela sua trajetória como aviador, e outras atividades em ação militar,pela sua coragem e integridade, recebeu as medalhas "Cruz da Guerra” e "Levante".

Fonte e Images: Google
Links relacionados:

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'Le chevalier du ciel'
Un petit documentaire sur la dernière escale de Jean Mermoz, Saint-Louis.

(Yamboo-07 de janeiro de 2008)

Vídeo


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