sábado, 4 de abril de 2009

O Aeroplano, o Sertão e o "Aviador"

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"Naquela noite na Fazenda Cacimbas não se conseguia dormir com tanta ansiedade. Quando a estrela da madrugada saiu, há muito que se tirava o leite das vacas, os cavalos comiam a ração de milho em suas mochilas e os botadores d'água encerravam as suas tarefas. O queijo não foi feito, a coalhada ficou pendurada nos sacos escorrendo para o dia seguinte. Era a pressa de terminar para se ir ver o "aeroplano".

O sol já estava com mais de três braças acima do nascente e o campo apinhado de gente. Mais de 200 pessoas, que naquela comunidade já era multidão. E nada do aeroplano.

Já 10 horas, todo mundo suado pelo calor e pela tensão de espera, quando se ouviu um ronco grave, ensurdecedor, que mais parecia um urubu flexando em carniça ou um redemoinho num roçado de milho seco.

Nesse instante surgiu no céu pelo lado nascente aquele bicho voador em forma de cruz, roncador, de cor metálica, fazendo evoluções graciosas que nem um gavião peneira podia fazer. O povo voltado para o céu, de boca aberta e garganta seca de emoção, presenciando aquele extraordinário fenômeno de o homem voar, numa máquina diabólica, coisa até bem pouco tempo só admitida aos pássaros. Houve explosão de espanto e aplausos, pessoas assustadas correndo para todo lado. O aeroplano fez uma bolandeira no céu e foi descendo em direção ao campo de pouso até tocar no chão com as rodas, levantando uma nuvem de poeira numa corrida sem fim. Nesse momento, deu-se uma reação em cadeia nas pessoas onde nos encontrávamos; tivemos a impressão que o "aeroplano" se dirigia a grande velocidade em nossa direção; foi uma verdadeira debandada pra dentro do mato, saltando moitas, pedras e touceiras de xique-xique. Quando nos voltamos pra olhar, o aeroplano já se encontrava parado e arrodeado de pessoas da Comissão de Recepção.

...e essa visita nunca mais foi repetida, mas para mim foi um fator de influência decisiva nos caminhos que eu iria trilhar no futuro."

7 comentários:

  1. Péury, agora só falta levantar vôo...

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  3. Oi Vodinho! Vai fazer sucesso na internet agora tambem!!

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  4. Liz e sua "tribo",o meu sucesso depende de vocês!!
    Abraço.
    Seu pai

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  6. Caro Pery,
    Aqui é emanuele, o italiano.... que inveja....mesmo tanto tempo depois estou tentando seguir os seus passos, aprendendo a voar para navegar neste interior que tanto me atrai....
    Um caloroso abraço

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  7. Emanuel - fico agradecido pelo seu simpático comentário. Como você mesmo disse "mesmo tanto tempo depois", a coisa também me atingiu. Estou sobrando e não me vem a memória a sua imagemk. Gostaria de tê-la. Se foi no tempo de aviação, realmento faz bantante tempo que estou como diziamos no hangar, estou "nos calços". Aguardo o seu e-mais para nosso encontro via internet. PERY

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