terça-feira, 29 de março de 2011

TIMBAÚBA - IX

Ilustração de Dorian Gray

OS TRABALHOS ARTESANAIS

Liderados por D. Nanú, minha avó, quase todas as mulheres da fazenda se ocupavam com trabalhos artesanais. Renda de almofada, crochê, varanda de rede, roupas costuradas à mão ou com pequenas máquinas movidas à mão e  trança de cebolinha roxa. Não havia mercado, na época, para esses produtos, de grande valor criativo.
A palha de carnaubeira, muito abundante no vale do  rio, era aproveitada na confecção de chapéus, esteiras, bolsas, vassouras etc.
A fibra do linho( agave) e a crina colhida na apara da cauda das reses, eram transformadas em cordas. Os cabrestos, arreadores, cordas própria de armar redes, cordas para tarrafas, era produzidas ali mesmo. O velho Zuza era um especalista nesse tipo de trabalho manual.
Artigos de madeira e couro eram ali produzidos. Caixão de anjos, caixão para depósito de farinha, armários, paus de cangalhas, cangas, eixo de carro de bois,  e seus accessórios, cunhas, fueiros, cantadeiras, tudo se fabricava. 
 As medidas oficiais (cuias de 5 litros), eram feitas de madeira de cumaru, com muito capricho, para ninguém sair perdendo.  Farinha de mandioca, cereais e até mesmo batatas  doce, eram comercializada
usando essas medidas.
Havia  um mestre carpinteiro trabalhando permanentemente, para atender às necessidades da fazenda.
Os artigos de couro, com excessão das selas e das roupas de vaqueiro, que eram fabricadas  no Sítio Logradouro do velho Enéias Batista, ou no Sabugi, resultavam da criatividade local.  Arreios, peias, esteira de sela, cabresto, máscars, urus, surrão, alpercatas, relhos e tudo mais  que fosse necessário em couro.  Pouquíssimas peças eram encomendadas fora, pois a Fazenda era auto-suficiente em tudo.

Havia na Fazenda um tropeiro, Manoel Libâneo, que além das suas funções, confeccionava cangalhas de esteira de carnaúba para atender aos burros que conduziam, normalmente, carga pesada.
Eram cangalhas especiais para que os burros agüentassem o peso da carga sem se machucar.  O tio Zé Gorgônio era especialista em cordas ou arriadores  de crina.  Periodicamente ele parava  na Fazenda Timbaúba para repor as cordas  que estavam se estragando.          
           

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